A importância dos exercícios físicos na prevenção e tratamento das doenças de distúrbios do sono

            O estudo sobre sono, bem como sua qualidade, tem sido motivo de investigação desde muitos anos. Analisando base de dados de artigos científicos, encontra-se relação dele com diversos tipos de população, comportamentos, hábitos e doenças em geral.

            O sono é essencial para uma saúde ideal e a sua qualidade está relacionada ao tempo adequado, a qualidade de cada noite, a regularidade e ausências de distúrbios do mesmo. Sendo assim, a Academia Americana de Sono (AASM)  juntamente com a Sociedade de Pesquisa do Sono (SRS) desenvolveram uma recomendação sobre uma quantidade ideal para adultos saudáveis entre 18 e 60 anos, de 7 horas ou mais por noite. Porém, a recomendação pode variar de indivíduo, conforme a influência de fatores genéticos, ambientais, comportamentais e médicos [1].

            Recentemente, uma revisão sistemática de 2023, correlacionou a doença de coronavírus (COVID-19) e suas consequências, que podem impactar a saúde mental. Esse impacto produz sofrimentos psicológicos e sintomas de ansiedade, que podem afetar de forma negativa a qualidade do sono [2], assim como também a falta deste, ou seja, a sua restrição, pode desencadear, aumento de peso, diabetes, hipertensão e depressão [1].

            Já é sabido sobre os efeitos positivos que a prática regular dos exercícios físicos, trazem no controle ideal dos indicadores referentes a, sobrepeso, glicemia, e pressão arterial [3], e também no tratamento e prevenção de doenças de característica mental, como: esquizofrenia, depressão clínica grave e transtorno bipolar [4]. No entanto, o que se tem investigado de forma mais acelerada nos últimos anos é a relação dos exercícios físicos e sono (de maneira epidemiológica), como também, quais são os efeitos deste no sono (estudos clínicos). Nessas produções científicas em geral, observamos que existem duas vertentes de público, os chamados “bons dormidores”(não relatam queixas), e na outra ponta, aqueles com distúrbio de sono [5]. Segundo o Ministério da Saúde os distúrbios do sono mais comum são a insônia, apnéia obstrutiva do sono e síndrome das pernas inquietas [6].

            Um estudo de revisão de 2018 [7], baseado em outras revisões e meta-análises alega que a atividade física influencia diretamente na qualidade do sono, sobretudo numa prática aguda e regular. Também foi destacado neste artigo, evidências que na população adulta com sintomas de insônia e apnéia obstrutiva do sono (SAOS) houveram melhoras.

            Outros estudos, como colocados no livro de Sono Atualização Terapêutica [5], foram identificados diversos benefícios promovidos no sono através do exercício físico, a citar: redução na latência do sono (LS), aumento no tempo total de sono (TTs) e eficiência do sono (ES), redução do WASO (sigla em inglês que diz Tempo Total Acordado Durante o Sono), redução na disfunção e sonolência diurna. Além de outros ganhos, podemos destacar a redução da ansiedade pré-sono, a termorregulação, aumento dos níveis de serotonina plasmática, efeitos significantes na aptidão cardiovascular, redução também no índice de apnéia-hipopnéia e melhoria na saturação de oxigênio.

            Atualmente diversas diretrizes destacam a importância da atuação multiprofissional no tocante a prevenção e tratamento na área do sono e distúrbios deste. Dentro desse contexto e pelos motivos já citados sobre os benefícios promovidos ao sono pela prática de exercícios físicos, a Associação Brasileira do Sono (ABS), defende a atuação do profissional de Educação Física, na prescrição e orientação dos mesmos [5]. Os exercícios prescritos são baseados nas diretrizes do ACSM (American College of Sports Medicine), considerando frequência, intensidade, tempo, tipo, volume e progressão. A seguir, temos como parâmetros as seguintes orientações:

 Fonte adaptada: Sono Atualização Terapêutica, 2023.

            Podemos concluir, que a aderência a um programa de exercícios físicos é de fundamental importância no tratamento das doenças desencadeadas pelos distúrbios do sono, no tratamento das doenças do sono, e na manutenção dos considerados bons dormidores; e que o profissional de educação física tem papel fundamental nesse processo.

Referências:

1) Watson NF, Badr MS, Belenky G, Bliwise DL, Buxton OM, Buysse D, Dinges DF, Gangwisch J, Grandner MA, Kushida C, Malhotra RK, Martin JL, Patel SR, Quan SF, Tasali E. Recommended amount of sleep for a healthy adult: a joint consensus statement of the American Academy of Sleep Medicine and Sleep Research Society. SLEEP 2015;38(6):843–844.

2) Ferreira-Souza, L.F.; Julianelli-Peçanha, M.; Coelho-Oliveira, A.C.; da Silva Bahia, C.M.C.; Paineiras-Domingos, L.L.; Reis-Silva, A.; Moura-Fernandes, M.C.; Trindade-Gusmão, L.C.; Taiar, R.; da Cunha Sá-Caputo, D.; et al. Impacts of COVID-19 Pandemic on Sleep Quality Evaluated by Wrist Actigraphy: A Systematic Review. J. Clin. Med. 2023, 12, 1182. https:// doi.org/10.3390/jcm12031182

3) Ciolac, EG e GUIMARÃES, GV: Exercicio físico e sindrome metabólica, Rev Bras Med Esporte [online], v. 10, n. 4, 2004.

4) Marquez DX, Aguiñaga S, Vásquez PM, Conroy DE, Erickson KI, Hillman C, Stillman CM, Ballard RM, Sheppard BB, Petruzzello SJ, King AC, Powell KE. A systematic review of physical activity and quality of life and well-being. Transl Behav Med. 2020 Oct 12;10(5):1098-1109. doi: 10.1093/tbm/ibz198. PMID: 33044541; PMCID: PMC7752999.

5) l. Pinto Junior LR,  Rêgo, AFB, Pinheiro, GL.  Sono: atualização terapêutica.1. ed. – Rio de Janeiro : Atheneu, 2023.

6) Brasil. Ministério da Saúde.Distúrbios do Sono. Brasília, 2023.

7) Kline CE, Hillman CH, Bloodgood Sheppard B, Tennant B, Conroy DE, Macko RF, Marquez DX, Petruzzello SJ, Powell KE, Erickson KI. Physical activity and sleep: An updated umbrella review of the 2018 Physical Activity Guidelines Advisory Committee report. Sleep Med Rev. 2021 Aug;58:101489. doi: 10.1016/j.smrv.2021.101489. Epub 2021 Apr 9. PMID: 33934046; PMCID: PMC8338757.